A história da igreja Batista

A Igreja Batista é uma denominação cristã caracterizada pela rejeição ao batismo infantil, optando em seu lugar pelo batismo de fé, sempre através da imersão. O nome é derivado de uma comissão para que os seguidores de Jesus Cristo fossem batizados, os batistas interpretam o batismo — imergir em água — como uma exposição bíblica e pública de sua fé. Enquanto o termo "batista" tem suas origens com os anabatistas, e às vezes foi visto como pejorativo, a denominação historicamente é ligada aos dissidentes ingleses, ou movimentos de anticonformismo do século XVI. O movimento batista surgiu na colônia inglesa na Holanda, num tempo de reforma religiosa intensa. Os batistas tipicamente são considerados protestantes históricos. Alguns batistas rejeitam essa associação. A maioria das igrejas batistas escolhem associar-se com grupos que fornecem apoio sem controle. A maior associação batista é a Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, mas, há muitas outras associações de batistas no mundo. No Brasil, as maiores são a Convenção Batista Brasileira e a Convenção Batista Nacional. As Igrejas Batistas formam uma família denominacional protestante de origem inglesa. Estão presentes em quase todos os países do globo. No ano de 2007 existiam 37 milhões de membros e 170 mil igrejas espalhados pelo mundo, sendo que 21 milhões apenas nos Estados Unidos e Canadá, e cerca de 2(dois) milhões no Brasil.

Origem

A história academicamente aceita sobre a origem das Igrejas Batistas é a sua origem como um grupo de dissidentes ingleses no século XVII. A primeira igreja batista nasceu quando um grupo de refugiados ingleses que foram para a Holanda em busca da liberdade religiosa em 1608, liderados por John Smyth, um clérigo e Thomas Helwys, um advogado, organizaram em Amsterdã, em 1609 uma igreja de doutrinas batistas. John Smyth discordava da política e de alguns pontos da doutrina da Igreja Anglicana da qual ele era pastor após uma aproximação com os menonitas e, examinando a Bíblia, creu na necessidade de batizar-se com consciência e em seguida batizou os demais fundadores da igreja, constituindo-se assim a primeira igreja batista organizada. Thomas Helwys, que era advogado e estudioso da Bíblia, ao escrever um livro intitulado “Uma Breve Declaração Sobre o Mistério da Iniquidade", foi preso e morreu na prisão, em 1615. No referido livro, ele escreveu aquilo que é um dos mais caros princípios batistas, o principio da liberdade religiosa e de consciência: "... a religião do homem está entre Deus e ele: o rei não tem que responder por ela e nem pode o rei ser juiz entre Deus e o homem. Que haja, pois, heréticos, turcos ou judeus, ou outros mais, não cabe ao poder terreno puni-los de maneira nenhuma".
Até então, o batismo não era por imersão, só os batistas particulares por volta de 1642 adotaram oficialmente essa prática tornando-se comum depois a todos os batistas. A primeira confissão dos particulares, a Confissão de Londres de 1644, também foi a primeira a defender o imersionismo no batismo. Depois da morte de John Smyth e da decisão de Thomas Helwys e seus seguidores de regressarem para a Inglaterra, a igreja organizada na Holanda desfez-se e parte dos seus membros uniram-se aos menonitas. Thomas Helwys organizou a Igreja Batista em Spitalfields, nos arredores de Londres, em 1612. A perseguição aos batistas e a outros dissidentes ingleses, fez com que muitos emigrassem. O mais famoso foi John Bunyan, que escreveu sua obra-prima O Peregrino enquanto estava preso. Nos Estados Unidos, a primeira igreja batista nasceu através de Roger Williams, que organizou a Primeira Igreja Batista de Providence em 1639, na colônia que ele fundou com o nome de Rhode Island, e John Clark que organizou a Igreja Batista de Newport, também em Rhode Island em 1648. Em terras americanas os batistas cresceram principalmente no sul, onde hoje sua principal denominação, a Convenção Batista do Sul, conta com quase 15 milhões de membros, sendo a maior igreja evangélica dos Estados Unidos. Existem ainda outras teorias sobre a origem dos batistas, mas que são rejeitadas pela historiografia oficial. São elas a teoria de Sucessão Apostólica, ou JJJ (João - Jordão - Jerusalém) e a teoria anabaptista. Ambas são rejeitadas pelos historiadores batistas Henry C. Vedder e Robert G. Torbet. A teoria de sucessão apostólica postula que os batistas atuais descendem de João Batista e que a igreja continuou através de uma sucessão de igrejas (ou grupos) que batizavam apenas adultos, como os montanistas, novacianos, donatistas, paulícianos, bogomilos, albigenses e cátaros, valdenses e anabatistas. Os batistas landmarkistas utilizam este ponto de vista para se auto-proclamar única igreja verdadeira. Essa teoria apresenta alguns problemas, como o fato que grupos como bogomilos e cátaros seguiam doutrinas gnósticas e o gnosticismo é contrário às doutrinas batistas de hoje. Também, alguns desses grupos que sobrevivem até o presente, igrejas como a dos valdenses (que desde a Reforma é uma denominação Calvinista) ou dos paulicianos, não se identificam com os batistas. A teoria anabatista é aquela que afirma que os batistas descendem dos anabatistas, que pregaram sua mensagem no período da Reforma Protestante. O evento mais citado para apoiar essa teoria foi o contato que John Smyth e Thomas Helwys com os menonitas na Holanda. Todavia, além de em 1624 as cinco igrejas batistas existentes em Londres terem publicado um anátema contra as doutrinas anabatistas, também os anabatistas modernos rejeitam ser denominados batistas e há pouca relação entre os dois grupos.

Ambos os grupos possuem algumas similaridades:


• Crença no Batismo adulto e voluntário; • Visão do Batismo e da Ceia do Senhor como ordenanças; • Separação da Igreja e Estado.

Existem algumas diferenças entre os batistas e os anabatistas modernos (por exemplo, os menonitas):

• Os anabatistas normalmente praticam o Batismo adulto por aspersão e não por imersão como os batistas; • Os anabatistas são pacifistas extremos e se recusam a jurar; • Os anabatistas crêem em uma doutrina semi-nestoriana sobre a Natureza de Cristo, que não recebeu nenhuma parte humana de Maria; • Os anabatistas enfatizam a vida comunal enquanto os batistas a liberdade individual; • Os anabatistas recusam a participar do Estado, enquanto os batistas podem ser funcionários públicos, prestar serviço militar, possuir cargos políticos; • Os anabatistas crêem em um estado de "sono da alma" entre a morte e a ressurreição.

A igreja Batista no Brasil


Por força da Guerra Civil Americana de 1865, confederados do Sul dos Estados Unidos, que apesar de se dizerem cristãos, eram a favor da escravatura, começam a buscar outras terras de potencial agrônomo. O Brasil é um dos países escolhidos, talvez por ter libertado escravizados afro-brasileiros somente em 1888, sendo o ultimo pais a fazê-lo na America. Logo, em 1867, grupos de estadunidenses que somaram mais de 50.000 pessoas desembarcam nos portos brasileiros em busca de refugio, mão de obra escravizada e terra fértil, vasta e barata. Avançando para o continente, escolhem a cidade de Santa Bárbara d'Oeste, para adquirirem terras e fixarem residência. Entre os emigrados, a maioria professava o protestantismo e entre esses, muitos eram Batistas. Já em 1870 fizeram publicar um "Manifesto para Evangelização do Brasil." Tal manifesto, assim que publicado contou com assinaturas de Presbiterianos, Metodistas, Congregacionais e, por um Batista, o jovem Pastor Richard Raticliff, um dos emigrados, cuja família havia convertido através de Thomas Jefferson Bowne nos Estados Unidos. Em 1871, Batistas emigrados dos Estados Unidos organizam a Primeira Igreja Batista do Brasil em Santa Bárbara d'Oeste. Anos mais tarde, em 1879, outro grupo de emigrados faz surgir a segunda Igreja Batista em solo brasileiro em Santa Bárbara d'Oeste no bairro da Estação, onde atualmente se localiza a cidade de Americana.
Enquanto isto, no Recife o Missionário Batista William Buck Bagby participa da conversao do sacerdote católico, Antonio Teixeira de Albuquerque. Por causa de perseguição, Teixeira de Albuquerque tentou refugiar-se em Maceió, sua terra natal, mas acabou mais tarde escolhendo Capivari, no Estado de São Paulo. Vindo a conhecer os Batistas em Santa Bárbara d'Oeste, batiza-se, é ordenado pastor e ajuda a comandar a evangelização que se iniciava entre brasileiros, franceses, ingleses e estadunidenses. Os Batistas de então, em Santa Bárbara d'Oeste, se unem para solicitar à Junta de Richmond, dos Estados Unidos, o envio de missionários ao Brasil. O trabalho de evangelização é intenso e brasileiros estão menos preconceituosos quanto à nova doutrina. Em 1881 chegam, William Buck Bagby e Ana Luther Bagby; Zacarias Taylor e Katarin Taylor. Os primeiros missionários são recebidos em Santa Bárbara d'Oeste e logo filiam-se à Igreja Batista existente e começam a estudar a língua portuguesa, tendo Antonio Teixeira de Albuquerque como professor. Pouco tardou para que os dois casais de missionários, unindo-se a Antonio Teixeira de Albuquerque rumassem para o Estado da Bahia, onde em 1882, com cartas de transferência das igrejas em Santa Bárbara d'Oeste, organizaram a Primeira Igreja Batista de Salvador. Em um ano aquela igreja já contava 70 membros. Salvador também possuía uma comunidade de estadunidenses que fugiram da Guerra de Secessão. O Pastor Antonio Teixeira de Albuquerque, casado, rumou a Maceió, onde organiza a Primeira Igreja Batista e prega para seus pais. A vida de Teixeira de Albuquerque foi curta, vindo a falecer aos 46 anos de idade. O Brasil não resiste às pressões sociais e políticas, internas e externas, vendo capitular o Império, sendo proclamada a República, em 1889. Nela a liberdade religiosa estava consagrada na Constituição, ainda que, por enquanto, apenas no papel. De Salvador, os missionários seguiram para outras capitais, plantando igrejas. De volta a São Paulo, com outros missionários recém-chegados foram organizando outras novas igrejas a partir de 1899 em São Paulo, Jundiaí, Santos, Campinas, São José dos Campos. Já em 1904 eram 7 Igrejas Batistas no Estado de São Paulo. Essas, reunindo-se em Jundiaí, organizaram em 1904 a Convenção Batista do Estado de São Paulo, então chamada de União Baptista Paulistana. Em 1914, eclode a Primeira Guerra Mundial, que faria ferver até 1918 toda a Europa. A Europa, destruída, vê muitos de seus habitantes saírem em busca de novas terras. O Brasil, e, principalmente o Estado de São Paulo, com um grande avanço na agricultura, (café, cana de açúcar e cereais) torna-se alvo de muitos desses europeus. Fugindo da guerra, aportam por aqui muitos protestantes, somaram-se a eles as dezenas de casais de missionários dos Estados Unidos que continuavam chegando.

Associações Batistas no Brasil


Convenção Batista Brasileira em 2006 possuía 6.000 igrejas organizadas, 1.200 congregações ou missões espalhadas em todo o território nacional e mais de 1.100.000 membros, a mesma também possui vários colégios, seminários, orfanatos, faculdades, hospitais, centros de recuperação para usuários de drogas, todos mantidos em convênios com as convenções estaduais e/ou igrejas locais. Na área da Educação Teológico-ministerial, atualmente são seminários oficiais batistas: o Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (Recife, PE), o primeiro a ser organizado (é o mais antigo seminário teológico batista da América Latina); o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, (Rio de Janeiro, RJ), o Seminário Teológico Batista Equatorial (Belém, PA), Seminário Teológico Batista do Nordeste (Feira de Santana e Salvador, BA) e a Faculdade Teológica Batista do Estado de São Paulo (São Paulo, SP), Faculdade Teológica Batista Ana Wollermam localizado em Dourados, Mato Grosso do Sul, Faculdade Teológica Batista do Paraná (FTBP), em Curitiba. Todos oferecem cursos de graduação (Bacharelado) e pós-graduação. Os dois primeiros e a Teológica oferecem Doutorado em Teologia, alguns como a FTBP são autorizados e reconhecidos pelo MEC, além de também terem cursos especiais para ministros evangélicos e ensino à distância EAD. A Convenção Batista Nacional nasceu em 1958, quando foi aceito o batismo pentecostal por alguns batistas em Belo Horizonte. Em 1967, o Pr. Enéas Tognini organizou a CBN (Convenção Batista Nacional), reunindo 60 igrejas. Grande parte dessas igrejas denominam-se "Batistas Renovadas". Até o ano de 2006, a CBN, segundo o IBGE, contava com 1.500 igrejas organizadas, 1208 congregações ou missões, e 390.000 membros espalhados pelo Brasil. As maiores Convenções do país, a CBB e a CBN são filiadas à Aliança Batista Mundial. As Igrejas Batistas Independentes no Brasil têm a sua origem no trabalho da Missão de Örebro, um movimento Pentecostal-Batista na Suécia. O missionário Erik Jansson veio en 1912 para atender colonos suecos residentes no município de Guarani, Rio Grande do Sul, mas mais tarde o grupo espalhou-se por outros estados. Conta com pelo menos 70 mil membros filiados à CIBI (Convenção das Igrejas Batistas Independentes), com grande presença nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. A partir da década de 1930 surgiram grupos de cunho mais conservador e Batistas Fundamentalistas, como a Igreja Batista Conservadora fundada em Bagé - RS, a Igreja Batista Bíblica Nacional que organizou a Comunhão Batista Bíblica Nacional (CBBN) desde 1973, com cerca de uma centena de igrejas e congregações, a Igreja Batista Fundamentalista e a Igreja Batista Regular que são pouco numerosos, correspondendo-se aos de sua denominação norte-americana e canadense. Há igrejas batistas que se proclamam também calvinistas, e são filiadas às diversas convenções ou simplesmente, independentes. No Brasil, há um grupo cujo objetivo é estreitar laços de comunhão entre seus membros, em geral filiados a igrejas batistas reformadas: trata-se da Comunhão Reformada Batista no Brasil. Ainda há a Igreja Batista do Sétimo Dia, a denominação evangélica sabatista mais antiga, de origem britanica e teuta, mas que no Brasil formou-se com dissidentes da igreja adventista do sétimo dia que deixaram a denominação por não aceitarem os escritos da Sra. White como inspirados por Deus. Acabaram se afiliando a sede da Alemanha e assim, ex-membros de uma igreja que tomara a crença no descanso sabatino emprestado dos batistas do sétimo dia, como a adventista, acabaram se unindo a um dos grupos que a originaram. Existem também dezenas de Igrejas Batistas sem filiação, tais como a Igreja Batista da Floresta (MG), Filadélfia (RJ), Calvário em Niterói (RJ), ou ainda a Igreja Batista Missionária Central Petrolina, todas de orientação carismatico-pentecostal.

Doutrina

Doutrinariamente, os batistas possuem algumas particularidades:

• Crença no Batismo Adulto por imersão - assim como os anabaptistas eles crêem que o batismo seja uma ordenança para as pessoas adultas (ordenança, para os batistas, é diferente de sacramento: deve ser obedecida, mas é apenas ato simbólico e não obrigatório para salvação), que deve ser respeitada a menos que o indivíduo não tenha oportunidade de ser batizado. A diferença em relação aos anabaptistas, é que os batistas praticam o batismo por imersão.
• Celebração das ordenanças do batismo e também da ceia memorial (não-sacramental), repetindo o gesto de Cristo e os apóstolos ("fazei isso em memória de mim") partilhando-se o pão e o vinho entre todos os membros da Congregação.
• Separação entre Igreja e Estado - antes mesmo do Iluminismo, já havia a consciência da separação entre Igreja e Estado entre os batistas.
• Liberdade de Consciência do Indivíduo - o crente deve escolher por sua própria consciência a servir a Deus, e não por pressão estatal ou de Igreja Estabelecida.
• Autonomia das Igrejas locais - como os batistas originaram do Congregacionalismo, enfatizam a autonomia total das comunidades locais, que podem agrupar-se em convenções. A exceção são os Batistas Reformados, que se originaram do calvinismo Presbiterianismo e dos Batistas Episcopais, que surgiram de missões anglicanas no Zaire.


Em termos de organização, a maior parte das igrejas batistas operam no sistema de governo congregacional, isto é, cada igreja batista local possui autonomia administrativa, regida sob o regime de assembléias de caráter democrático. Entretanto, a grande maioria das igrejas batistas são associadas a "convenções", que são, na verdade, associações de igrejas batistas que procuram auxiliar umas às outras em diversos aspectos, como jurídico, financeiro e formacional (criação de novas igrejas). Essas associações não possuem qualquer poder interventor nas igrejas, pois uma das características da maioria dos batistas é a autonomia de cada igreja local.
Os batistas tradicionalmente evitaram o sistema hierárquico episcopalista como é encontrado na Igreja Católica Romana, Anglicana e entre outras igrejas, como entre os metodistas. Todavia, existem variações entre grupos batistas, como a Igreja Episcopal Batista (de governo, obviamente, episcopal), presente em vários países da África e a Igreja Batista Reformada, de governo presbiterial.

Fotos históricas


Primeira igreja Batista de Vitória da Conquista
(1º igreja protestante da cidade)



Casa nº 15 da rua XV de Novembro, onde se deu inicio a 1º igreja Batista de Rio Bonito

A Igreja reuniu-se nesta casa até 22 de setembro de 1940, quanto transferiu-se para o templo ainda em construção, na Avenida Manoel Duarte, inaugurando oficialmente em fevereiro de 1943.
(Foto abaixo)




Templo na Avenida Manoel Duarte, inaugurando em 21 de fevereiro de 1943 em Rio Bonito







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